quarta-feira, 22 de junho de 2011

Diagnóstico da Hipertensão Arterial: novos conceitos e critérios

       Essa é uma das postagens que irão abordar as vídeo-aulas disponibilizadas pelo site da Sociedade Brasileira de Hipertensão, as quais cada uma das integrantes do grupo teve acesso mediante cadastro na situação de estudantes de medicina.
        Na aula inicial,"Diagnóstico da Hipertensão Arterial: novos conceitos e critérios", o Prof. Dr. Décio Mion, conselheiro da Sociedade Brasileira de Hipertensão, ressalta a importância da avaliação da pressão arterial fora do consultório, complementando o diagnóstico de risco mais preciso, além de auxiliar no efeito da medicação ao longo prazo.
        A hipertensão arterial é diagnosticada pela detecção de níveis de pressão arterial elevados obtidos com a medida casual da pressão arterial (PA). A medida da pressão arterial é o elemento-chave para o estabelecimento do diagnóstico e também para avaliação da eficácia do tratamento. Deve ser realizada em toda avaliação de saúde por médicos de qualquer especialidade e demais profissionais de saúde, todos devidamente capacitados, com preparo adequado do paciente, técnica adequada e equipamento calibrado.
        A medida da PA em adultos faz parte das diretrizes de todos os países ,e para isso, os equipamentos para medição devem ser validados e calibrados. A validação se dá quando o  aparelho passa por procedimentos que demonstram que valor que é mostrado pelo aparelho é o valor que seria mostrado por um aparelho de uma coluna de mercúrio obtido por dois observadores treinados. Já a calibração significa que comparado a um gerador de pressão, tem a mesma pressão gerada por esse equipamento.
        Existem diferenças entre as classificações da pressão arterial brasileira ou européia e americana. A maior parte das diretrizes segue a classificação brasileira.Essas diferenças já causaram muita confusão, mas hoje a classificação utilizada já é bem estabelecida.

          O objetivo do uso da tabela de classificação da pressão arterial é identificar pacientes com risco cardiovascular elevado.
         São quatro as possibilidades diagnósticas relativas ao valor de pressão arterial: hipertensos, normotensos, hipertensos do avental branco e hipertensão mascarada.

         Mesmo quando as medições de PA são realizadas
com técnica apropriada e de maneira repetida, podem ocorrer
 duas situações, a hipertensão do avental branco e a
 hipertensão mascarada. Quando se superestima os valores
 de pressão arterial, ocorre a hipertensão do avental branco.
Já quando se subestima os valores de pressão arterial,
 ocorre a hipertensão mascarada.

       Estudos comprovam que medidas de pressão arterial obtidas pelo médico são geralmente maiores que as obtidas por enfermeiras ou pelos próprios pacientes residencialmente.
        Para a maior parte das pessoas, a presença do médico pode ocasionar o aumento da pressão arterial, causando o efeito do avental branco. Afeta mais a umas pessoas que a outras, podendo fazer um paciente normotenso aparentar ser hipertenso, por exemplo. O risco cardiovascular desses pacientes é parecido com o risco daqueles que apresentam normotensão.
        A hipertensão mascarada é justamente o efeito contrário, pois se traduz na pressão normal no consultório e fora desse pressão alta. O risco desses pacientes se aproxima daqueles com hipertensão. Parte do risco se dá porque, em geral, é sugerido ao paciente que volte a consultar sua pressão em 6 meses a um ano.O ideal seria que todos os pacientes pudessem ter sua pressão arterial medida sempre que possível, em ambulatórios ou na sua própria residência.  

       Para chegar a um diagnóstico final confiável, é necessária a medição fora do consultório. Para isso são utilizadas duas técnicas, a MAPA (Medida Residencial da Pressão Arterial) e MRPA (Medida Residencial da Pressão Arterial).
       MAPA é um método automático de medida indireta da pressão arterial durante 24 horas, enquanto o paciente realiza suas atividades rotineiras, inclusive durante o sono.De acordo com a IV diretriz  brasileira de MAPA: “Dentre os parâmetros obtidos pela MAPA,  as médias de pressão arterial são os melhores dados a serem analisados, por apresentarem maiores índices de correlação com diagnóstico, lesão em órgãos-alvo e prognóstico cardiovascular, tendo sido o único parâmetro relacionado a mortalidade.”
        A MAPA possui benefícios inclusive para pacientes que estão sob tratamento da pressão arterial. MAPA ajuda também em diagnósticos de hipertensão do avental branco e hipertensão mascarada, e o prognóstico tem valor nos indivíduos que são hipertensos ou normotensos.
        Atualmente já existem monitores digitais confiáveis que permitem que o paciente faça a monitorização residencial da pressão arterial corretamente.
        Do ponto de vista clínico, a MRPA tem, principalmente, as seguintes indicações:
          • confirmar o diagnóstico de hipertensão arterial;
          • avaliar a eficácia da terapia anti-hipertensiva em diferentes
períodos do dia e ao longo do tempo;
          • estratégia para melhorar a adesão à terapia antihipertensiva
e o controle da pressão arterial.
         Na realidade, evidências acumuladas ao longo dos anos demonstram,com clareza, uma série de vantagens da MRPA em relação à medida de consultório e até mesmo em relação à monitorização ambulatorial da pressão arterial (MAPA)

                     As diferentes formas de medição se completam, a do
 consultório( possui a presença de médico apesar de
 possibilitar poucas medições da PA), a ambulatorial ( permite
 um acompanhamento por 24 horas do paciente) e a
residencial ( permite várias medições da PA e apresenta um
 indivíduo mais calmo).

       Ao longo dos anos, foi-se tornando cada vez mais evidente que as medidas de vigília, 24 horas e sono  são mais relacionadas com risco de mortalidade cardiovascular do que a medida no consultório.Vem daí a importância da MAPA e da MRPA.
       Segundo pesquisas, a queda ou não da pressão arterial durante o sono possui valor prognostico importante. Pacientes que não tem esse descenso(queda da pressão arterial) e pressão arterial elevada apresentam 5,37% de  risco de mortalidade cardiovascular do que aqueles que possuem descenso e pressão arterial normal.
        Há muito que se fazer em relação à medida da PA, pois segundo pesquisa realizada pelo Datafolha, ao se entrevistar 483 cardiologistas,nefrologistas e clínicos por telefone, verificou-se  que a média da quantidade de pacientes hipertensos que eram recomendados a fazerem o exame de MAPA era 28%, que é uma porcentagem muito baixo. Evidenciou-se também que apenas 68% dos médicos entrevistados recomendam a seus pacientes hipertensos o procedimento de medir a pressão arterial fora do consultório, em casa ou farmácias por exemplo. Essa pesquisa mostra que ainda há muita coisa a ser mudada para que a população de hipertensos brasileiros tenha um tratamento mais digno e completo.

                      http://departamentos.cardiol.br/dha/revista/15-4/10-artigo-revisao%20.pdf

Postado por: Jessica Lucena Wolff



Nenhum comentário:

Postar um comentário