Hipertensão rterial é uma doença direta ou indiretamente responsável pelas altas taxas de morbidade e mortalidade decorrentes das doenças cardiovasculares. O risco de acometimento de doença arterial coronariana (DAC) e de acidente vascular cerebral (AVC) é crescente a partir de médias de pressão de 115 x 75 mmHg, sendo que para cada 20 mmHg acrescidos à pressão arterial sistólica ou 10 mmHg para a pressão arterial diastólica, ele dobra.
Por isso, as classificações do comportamento da pressão arterial têm sido atualmente mais rigorosas, como mostrado na tabela a seguir.
Metas de valores de PA a serem atingidas com o tratamento para hipertensão arterial para determinados grupos de pacientes, segundo as V Diretrizes Brasileiras de Hipertensão (V DBH).
Categorias | Meta mínima de pressão arterial* |
A - HA estágio 1 e 2 Risco baixo e médio | < 140 x 90 mmHg |
B - HA e PA limítrofe Risco alto | < 130 x85 mmHg |
C - HA e PA limítrofe Risco muito alto** | < 130 x 80 mmHg |
D - HA com nefropatia Proteinúria (perda de proteína) > 1g/l | < 120 x 75 mmHg |
*Se o paciente tolerar recomenda-se como tratamento valores de pressão menores que os indicados, alcançando, se possível, PA considerada ótima (≤ 120 x 80 mmHg). ** incluindo-se diabetes mellitus. HA - hipertensão arterial; PA - pressão arterial. |
Como o controle da pressão arterial (PA) está diretamente ligado à redução dos agravos decorrentes da hipertensão arterial, é de grande importância que os pacientes com hipertensão arterial sejam tratados corretamente, para que possam usufruir os benefícios decorrentes do tratamento anti-hipertensivo. Contudo, ainda é pequeno o número de pacientes diagnosticados que fazem o tratamento e que têm PA controlada em todo o mundo.
Um artigo de pesquisadores participantes do Estudo Controlar BRASIL avaliou, no ano de 2008, o percentual de pacientes sob tratamento anti-hipertensivo que estão dentro das metas estabelecidas para a sua condição específica. 2810 pacientes entre 21 e menores de 80 anos, provindos de convênios médicos ou pertencentes à clínica privada, participaram do estudo, e cada pesquisador avaliou, durante cinco dias consecutivos, os dois primeiros pacientes atendidos que cumprissem certos critérios de inclusão pré-determinados. Características dos pacientes como idade, estatura, gênero, peso, tabagismo, obesidade, diabetes, doença arterial coronariana, entre outras foram anotadas.
Nesse grupo de pacientes, 37,51% pertenciam à categoria A, 24,52% à B, 26,98% à C e 10,99% à D (categorias mostradas na primeira tabela). Além disso, 32,5% faziam uso de apenas um medicamento, enquanto os outros 67,5% usavam mais de uma medicação anti-hipertensiva.
Na análise total, independentemente da condição a que se enquadravam os indivíduos, 1.497 (53,3%) deles apresentavam PA < 140 x 90 mmHg. Quanto ao controle específico para cada grupo, os dados estão na tabela abaixo.
Números e porcentagens de indivíduos avaliados e com controle da pressão arterial segundo as metas definidas pelas V DBH
Grupo | Nível desejado | Número (%) avaliado | Número (%) controlado |
A | <140 x 90 mmHg | 1.054 (37,51) | 650 (61,7) |
B | <130 x 85 mmHg | 689 (24,52) | 293 (42,5) |
C | <130 x 80 mmHg | 758 (26,98) | 317 (41,8) |
D | <120 x 75 mmHg | 309 (10,99) | 100 (32,4) |
Total | 2810 (100) | 1.360 (46,5) |
Os percentuais de controle obtidos nesse estudo foram muito abaixo do desejado, assim como os resultados obtidos em outras pesquisas nacionais e internacionais também. Entretanto, a amostra não é representativa da população de pacientes com hipertensão arterial no Brasil, mas sim daqueles atendidos em clínicas e ambulatórios particulares. Essa falta de dados de fato representativos do perfil dos hipertensos brasileiros (os dados disponíveis são isolados e muito variáveis) é um dos problemas que dificultam o monitoramento do controle da doença, o que leva a um certo descaso em relação a ela por parte da sociedade, de maneira geral.
Outra conclusão desse estudo foi que, além de presença de tabagismo, diabetes mellitus e doença arterial coronariana, o aumento da circunferência abdominal também dificulta o controle da pressão arterial (a cada 1 cm a mais, o controle é reduzido em 2%), devido ao aumento da gordura visceral.
Os fatores que contribuem para o baixo valor de controle da pressão arterial provavelmente são: baixa adesão às prescrições, custos dos medicamentos, crenças sobre o tratamento e à própria doença, baixa frequência às consultas, dentre outros.
Essa pesquisa, feita há alguns anos atrás, pretendia ser útil para que ações fossem tomadas em busca de melhores taxas de controle, a partir das conclusões por ela geradas. Nós esperamos que isso realmente aconteça, dada a gravidade da hipertensão arterial quando não cuidada, e esperamos também ter ajudado a divulgar o trabalho feito pelo Estudo Controlar BRASIL, de modo a conscientizar cada vez mais pessoas.
Fonte: http://www.deciomion.com.br/medicos/artigos/artigos_decio/Controle%20da%20Press%C3%A3o%20Arterial%20em%20Pacientes%20sobre%20Tratamento%20Anti-Hipertensivo%20no%20Brasil%20-%20Controlar%20Brasil.pdf
Postado por: Amanda de Oliveira
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