domingo, 12 de junho de 2011

Estudo mostra que ainda é pequeno o número de pacientes hipertensos com PA controlada em consultórios no Brasil

Hipertensão rterial é uma doença direta ou indiretamente responsável pelas altas taxas de morbidade e mortalidade decorrentes das doenças cardiovasculares. O risco de acometimento de doença arterial coronariana (DAC) e de acidente vascular cerebral (AVC) é crescente a partir de médias de pressão de 115 x 75 mmHg, sendo que para cada 20 mmHg acrescidos à pressão arterial sistólica ou 10 mmHg para a pressão arterial diastólica, ele dobra.
Por isso, as classificações do comportamento da pressão arterial têm sido atualmente mais rigorosas, como mostrado na tabela a seguir.
Metas de valores de PA a serem atingidas com o tratamento para hipertensão arterial para determinados grupos de pacientes, segundo as V Diretrizes Brasileiras de Hipertensão (V DBH).
Categorias
Meta mínima    de pressão arterial*
A - HA estágio 1 e 2 Risco baixo e médio
< 140 x 90 mmHg
B - HA e PA limítrofe Risco alto
< 130 x85 mmHg
C - HA e PA limítrofe Risco muito alto**
< 130 x 80 mmHg
D - HA com nefropatia Proteinúria (perda de proteína) > 1g/l
< 120 x 75 mmHg
*Se o paciente tolerar recomenda-se como tratamento valores de pressão menores que os indicados, alcançando, se possível, PA considerada ótima (≤ 120 x 80 mmHg). ** incluindo-se diabetes mellitus. HA - hipertensão arterial; PA - pressão arterial.

Como o controle da pressão arterial (PA) está diretamente ligado à redução dos agravos decorrentes da hipertensão arterial, é de grande importância que os pacientes com hipertensão arterial sejam tratados corretamente, para que possam usufruir os benefícios decorrentes do tratamento anti-hipertensivo. Contudo, ainda é pequeno o número de pacientes diagnosticados que fazem o tratamento e que têm PA controlada em todo o mundo.
           Um artigo de pesquisadores participantes do Estudo Controlar BRASIL avaliou, no ano de 2008, o percentual de pacientes sob tratamento anti-hipertensivo que estão dentro das metas estabelecidas para a sua condição específica. 2810 pacientes entre 21 e menores de 80 anos, provindos de convênios médicos ou pertencentes à clínica privada, participaram do estudo, e cada pesquisador avaliou, durante cinco dias consecutivos, os dois primeiros pacientes atendidos que cumprissem certos critérios de inclusão pré-determinados. Características dos pacientes como idade, estatura, gênero, peso, tabagismo, obesidade, diabetes, doença arterial coronariana, entre outras foram anotadas.
           Nesse grupo de pacientes, 37,51% pertenciam à categoria A, 24,52% à B, 26,98% à C e 10,99% à D (categorias mostradas na primeira tabela). Além disso, 32,5% faziam uso de apenas um medicamento, enquanto os outros 67,5% usavam mais de uma medicação anti-hipertensiva.
Na análise total, independentemente da condição a que se enquadravam os indivíduos, 1.497 (53,3%) deles apresentavam PA < 140 x 90 mmHg. Quanto ao controle específico para cada grupo, os dados estão na tabela abaixo.

Números e porcentagens de indivíduos avaliados e com controle da pressão arterial segundo as metas definidas pelas V DBH
Grupo
Nível desejado
Número (%) avaliado
Número (%) controlado
A
<140 x 90 mmHg
1.054 (37,51)
650 (61,7)
B
<130 x 85 mmHg
689 (24,52)
293 (42,5)
C
<130 x 80 mmHg
758 (26,98)
317 (41,8)
D
<120 x 75 mmHg
309 (10,99)
100 (32,4)
Total

2810 (100)
1.360 (46,5)


            Os percentuais de controle obtidos nesse estudo foram muito abaixo do desejado, assim como os resultados obtidos em outras pesquisas nacionais e internacionais também. Entretanto, a amostra não é representativa da população de pacientes com hipertensão arterial no Brasil, mas sim daqueles atendidos em clínicas e ambulatórios particulares. Essa falta de dados de fato representativos do perfil dos hipertensos brasileiros (os dados disponíveis são isolados e muito variáveis) é um dos problemas que dificultam o monitoramento do controle da doença, o que leva a um certo descaso em relação a ela por parte da sociedade, de maneira geral. 
Outra conclusão desse estudo foi que, além de presença de tabagismo, diabetes mellitus e doença arterial coronariana, o aumento da circunferência abdominal também dificulta o controle da pressão arterial (a cada 1 cm a mais, o controle é reduzido em 2%), devido ao aumento da gordura visceral.

Os fatores que contribuem para o baixo valor de controle da pressão arterial provavelmente são: baixa adesão às prescrições, custos dos medicamentos, crenças sobre o tratamento e à própria doença, baixa frequência às consultas, dentre outros.
Essa pesquisa, feita há alguns anos atrás, pretendia ser útil para que ações fossem tomadas em busca de melhores taxas de controle, a partir das conclusões por ela geradas. Nós esperamos que isso realmente aconteça, dada a gravidade da hipertensão arterial quando não cuidada, e esperamos também ter ajudado a divulgar o trabalho feito pelo Estudo Controlar BRASIL, de modo a conscientizar cada vez mais pessoas.

Fonte: http://www.deciomion.com.br/medicos/artigos/artigos_decio/Controle%20da%20Press%C3%A3o%20Arterial%20em%20Pacientes%20sobre%20Tratamento%20Anti-Hipertensivo%20no%20Brasil%20-%20Controlar%20Brasil.pdf


Postado por: Amanda de Oliveira

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