quarta-feira, 25 de maio de 2011

Adendo sobre estudo citado anteriormente, o HOPE

         Estudo HOPE (Heart Outcomes PreventionEvaluation): resultados e implicações clínicas da utilização de ramipril e vitamina E na prevenção de eventos cardiovasculares em pacientes de alto risco.
        O Estudo HOPE avaliou os efeitos do ramipril e da vitamina E isolados e associados, na prevenção de eventos isquêmicos, em pacientes de alto risco.
        O planejamento do estudo foi randomizado (amostra de população aleatória), duplo-cego (nem o examinado, objeto de estudo, nem o examinador sabe o que está sendo utilizado como variável em um dado momento), placebo-controlado, com validação central independente dos eventos e com poder estatístico adequado para detectar mesmo uma diferença de 13,5% em eventos isquêmicos.
        O objetivo primário foi a redução do desfecho clínico combinado de óbito cardiovascular, infarto do miocárdio e acidente vascular cerebral. Os critérios de inclusão envolviam idade acima de 55 anos, história de doença arterial coronária, acidente vascular cerebral, doença vascular periférica ou diabetes com um fator de risco adicional (hipertensão, hipercolesterolemia, tabagismo ou microalbuminúria documentada), enquanto a dose alvo de ramipril foi de 10 mg/dia e de vitamina E de 400 UI/dia. Por fim, o seguimento médio foi de 4 anos e meio.
         
         Resultados
         
         Ramipril, inibidor da ECA: 9.297 pacientes foram randomizados para ramipril ou placebo, sendo a aderência à medicação de 78,8% e cerca de 65% dos pacientes estavam utilizando a dose de 10 mg/dia de ramipril, durante a última visita de seguimento. Confirmando a característica de alto risco da população incluída no estudo, 80% tinha doença arterial coronária, 11% acidente vascular cerebral, 38% diabetes e 66% hipercolesterolemia.
         A taxa de eventos combinados (óbito cardiovascular ou infarto do miocárdio ou acidente vascular cerebral), no grupo ramipril, foi de 14% e no grupo-placebo de 17,8% (redução relativa de risco de 22%). Houve redução significativade infarto do miocárdio (20%), de acidente vascular (32%) e de óbito cardiovascular (26%), isoladamente.
        Vitamina E, composto orgânico lipossolúvel: 9.541 pacientes foramrandomizados para vitamina E ou placebo, sendo a aderência à medicaçãode 89,2% durante a última visita deseguimento. O perfil de risco era similar àquele descrito para o ramipril. A taxa de eventos combinados (óbito cardiovascular ou infarto do miocário ou acidente vascular cerebral), no grupo vitamina E, foi de 16,2% e no grupo-placebo de 15,5%. Mesmo quando se analisou o efeito da vitamina E sobre os eventos isoladamente, não houve benefício, não havendo, portanto, nenhum benefício da utilização de vitamina E na redução de eventos isquêmicos.
        Implicações clínicas: os resultados do Estudo HOPE demonstram que a utilização de ramipril, em uma população de alto risco para eventos cardiovasculares, é benéfica, permitindo uma redução significativa e clinicamente relevante de eventos clínicos isquêmicos, tais como, óbito cardiovascular, infarto do miocárdio e acidente vascular cerebral. Apenas uma pequena parte do benefício com o ramipril poderia ser atribuída à redução em pressão arterial, pois houve uma redução de apenas 3 mmHg na pressão arterial sistólica e 2 mmHg na diastólica durante o período de seguimento do estudo. Portanto, outros mecanismos adicionais devem estar implicados no benefício do ramipril neste estudo.
         A tradução clínica deste benefício é de que o tratamento de mil pacientes com ramipril durante 4 anos, previne cerca de 150 eventos em aproximadamente 70 pacientes. Se 25% dos pacientes com doença cardiovascular, em países em desenvolvimento, e 50% em países desenvolvidos, recebessem ramipril objetivando a prevenção secundária de eventos isquêmicos, seriam prevenidos 1-1,5 milhão de óbitos, infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral ou procedimentos de revascularização miocárdica em todo o mundo.


Fonte: Revista Brasileira de Hipertensão, volume 7, julho de 2000, por Álvaro Avezum.
Post realizado por: Tainá Vieira Nilson.

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