terça-feira, 31 de maio de 2011

Casos de Acidente Vascular Cerebral aumentam entre a população jovem

O Acidente Vascular Cerebral (popularmente conhecido como derrame cerebral), doença até pouco tempo atrás associada a pessoas com idade mais avançada, vem ocorrendo cada vez mais em jovens. Segundo o Datasus (banco de dados do Ministério da Saúde), entre 1998 e 2007, houve crescimento de 64% nas internações por AVC entre homens, e de 41% entre mulheres na faixa de 15 a 34 anos, sendo a maioria casos AVC isquêmico. Tal aumento deve-se ao menor controle dos fatores de risco e ao estilo de vida dessas pessoas.
O AVC caracteriza-se por diminuição na função neurológica devido a uma interrupção no suprimento de sangue ao cérebro e, consequentemente, de oxigênio e nutrientes, o que pode levar a morte das células afetadas ou a lesões. Ele é classificado em dois tipos:
    - Isquêmico: provocado por obstrução de uma ou mais artérias por ateromas (placas compostas especialmente de lipídios e tecido fibroso, que se formam na parede dos vasos), trombose (trombo ou coágulo sanguíneo) ou embolia (fragmento que se destacou de um trombo formado em outro local e foi levado para o cérebro através do sangue). Os sintomas são: Perda repentina da força muscular, da visão, dificuldade de comunicação oral, tonturas, formigamento no corpo e alterações da memória;

    - Hemorrágico: sangramento cerebral provocado pelo rompimento de um vaso sangüíneo, em virtude de hipertensão arterial, problemas na coagulação do sangue ou traumatismos. Os sintomas são: dor de cabeça, edema cerebral, aumento da pressão intracraniana, náuseas e vômitos.

O aumento do número de casos de AVC em jovens deve-se à negligência aos fatores de risco, muitas vezes devido à vida agitada dos grandes centros urbanos, competitiva, estressante e que carece de hábitos saudáveis. Tais fatores de risco são:
- Hipertensão arterial: pode provocar o rompimento de um vaso sanguíneo, causando AVC hemorrágico;
- Colesterol elevado: na verdade, é a concentração elevada de LDL (lipoproteína de baixa densidade, o “colesterol ruim”), pois ele pode se depositar nas paredes internas das artérias e ser fagocitado por macrófagos, que se acumulam na região. Isso leva ao seu endurecimento da parede vascular e à formação de placas arteriais, que bloqueiam os vasos sanguíneos, provocando aterosclerose (obstrução da artéria) e, consequentemente, AVC;
- Tabagismo;
- Diabetes: acelera a aterosclerose, devido à glicosilação e oxidação de LDL, que se acumula nas paredes vasculares, gerando, como já foi dito, acúmulo de macrófagos;
- Histórico familiar;
- Ingestão de álcool: o consumo excessivo de álcool aumenta a pressão arterial, a agregação plaquetária, endurece as artérias e enrijece o músculo cardíaco, o que eleva o risco de infarto e de derrame. Entretanto, o consumo moderado de álcool parece ter, a longo prazo, um efeito protetor contra AVC, porque diminui a capacidade de coagulação das plaquetas e aumenta a flexibilidade dos vasos sanguíneos;

- Sedentarismo: pede levar a obesidade;

- Obesidade: risco de aterosclerose;

- Estresse: relacionado a casos de AVC isquêmico, por razões ainda não muito claras;


- Consumo de drogas: A cocaína, por exemplo, causa constrição vascular e inibe o seu relaxamento, causa arritmias cardíacas e acelera o ritmo cardíaco, podendo levar à formação de coágulos;
- Dieta com poucas fibras e verduras e muito sal.


Postado por: Amanda de Oliveira







3 comentários:

  1. Quando se fala de AVC, níveis de colesterol aparecem sempre como culpados. Mas o facto é que não existe associação epidemiológica entre uma coisa e outra. Pode existir causalidade sem associação?

    Artigos:
    http://bit.ly/g9XXPX
    http://bit.ly/cUAI6V

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  2. Caro O Primitivo,
    Confesso que ficamos surpresas ao ler que não há associação epidemiológica entre AVC e níveis de colesterol, dado que sempre obtivemos informações, de fontes confiáveis, afirmando justamente o contrário!!
    Nós acessamos o blog indicado por você, lemos algumas postagens e cinco artigos citados lá e, de acordo com tais artigos,o colesterol não pode ser um fator de risco de forma isolada, mas
    pode
    interagir com outros fatores para ajudar na progressão da
    aterosclerose, que é uma das causa de AVC.
    Acreditamos que toda essa falta de consenso seja explicada pelo fato de os estudos não levarem em conta a heterogeneidade (isquêmico e hemorrágico) do AVC e o tratarem como único, e também pelo que está explicado neste trecho de um dos artigos: "Essa falta de relação entre
    colesterol e AVC em estudos epidemiológicos é
    paradoxal, pois a associação entre a aterosclerose carótida e colesterol no sangue tem sido bem
    estabelecida em outros estudos epidemiológicos, e a aterosclerose carótida é uma verdadeira causa de acidente vascular cerebral." Daí o fato de as pessoas associarem o colesterol ao AVC.
    Nós vamos pesquisar melhor sobre esse assunto e assim que obtivermos novas informações, postaremos aqui no blog, dado o nosso objetivo de informar corretamente quem o acessa.

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  3. "A associação entre a aterosclerose carótida e colesterol no sangue tem sido bem estabelecida em outros estudos epidemiológicos"

    Também há quem conteste este aspecto com ciência, os "cépticos do colesterol" (ver em http://bit.ly/jvkbPG ), alegando que o problema não está nos níveis de colesterol mas antes nos factores que contribuem para a degradação das lipoproteínas, por oxidação/inflamação. Estudos epidemiológicos não servem para estabelecer causalidade, somente uma associação. E níveis de colesterol possuem associação inversa com a severidade de AVC (http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/17761907 ). O Dr. Uffe Ravnskov publicou muita coisa sobre este assunto (ver em http://www.canibaisereis.com/ravnskov/ ). Eu sei que estas ideias parecem bastante contraditórias com as ideias estabelecidas, mas reparem apenas neste paradoxo: quem consome mais produtos de origem animal, mais gorduras totais, mais das saturadas, e mais colesterol, apresenta menor risco de AVC ver em http://bit.ly/gKiEtj ). Não esquecer também que estatinas não reduzem apenas LDL, têm uma série de outros efeitos complementares/pleiotrópicos (ver em http://bit.ly/k2Cz6u ). Por absurdo, poderá a redução de LDL ser nociva e compensada pelos demais efeitos? O vosso blogue e trabalho sobre hipertensão está muito bom, aponta os reais problemas do AVC: tabagismo, hipertensão, diabetes, sedentarismo. O colesterol é um acessório nisto tudo, como se costuma dizer, "a melhor forma de esconder uma mentira é entre duas verdades".

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