sexta-feira, 20 de maio de 2011

Regulação neural da circulação e o controle rápido da pressão arterial




-Regulação neural da circulação
       Apesar de ser pouco relacionado com o ajuste do fluxo sangüíneo, o sistema nervoso afeta funções mais gerais como a redistribuição do fluxo sangüíneo para as diferentes áreas do corpo, o aumento do bombeamento do coração e, principalmente, fornecimento de um controle rápido da pressão arterial.
       Não há duvidas de que a divisão mais relevante do sistema nervoso para a regulação da circulação é o sistema nervoso autônomo simpático. O sistema nervoso parassimpático é também importante pois contribui para a regulação da função cardíaca.
       Quase todos os vasos sanguíneos são inervados por fibras nervosas simpáticas, exceto capilares, esfíncteres pré-capilares e metarteríolas. Nas pequenas artérias e arteríolas, a estimulação simpática permite o aumento da resistência, diminuindo assim a taxa de fluxo sanguínea pelos tecidos. Nos grandes vasos, principalmente veias, a inervação simpática faz com que seja possível a diminuição do volume desses vasos, o que altera o volume do sistema circulatório periférico e pode, portanto, deslocar sangue para o coração.
       As fibras simpáticas que se dirigem para o coração, quando estimuladas, aumentam a atividade desse, aumentando tanto a freqüência cardíaca quanto a força de bombeamento do coração. Por outro lado, a inervação parassimpática cardíaca, que o ocorre por meio dos nervos vagos, tem como únicos efeitos importantes na circulação a redução da freqüência cardíaca e uma pequena diminuição da contratilidade do músculo cardíaco.
       O centro vasomotor é uma região localizada bilateralmente em parte do bulbo e no terço inferior da ponte. Esse centro pode ser dividido, por motivos didáticos, em três áreas:
  1. Área vasoconstritora: os neurônios presentes nessa porção do centro secretam a noraepinefrina*; suas fibras distribuem-se por toda a medula espinhal, onde excitam os neurônios vasoconstritores do sistema nervoso simpático.
  2. Área vasodilatadora: os neurônios dessa área projetam-se para a área vasoconstritora, inibindo a atividade dessa região, causando assim, a vasodilatação.
  3. Área sensorial: os neurônios situados nessa parte recebem sinais nervosos sensoriais através principalmente dos nervos vagos e glossofaríngeo. Esses sinais são importantes para um controle "reflexo" de muitas funções circulatórias, a exemplo do reflexo baroceptor para o controle da pressão arterial.

* A substância transmissora vasoconstritora simpática é a noraepinefrina, sendo essa secretada nas terminações dos nervos vasoconstritores. Ela atua diretamente sobre os receptores alfa do músculo liso vascular, causando vasoconstrição.
       Normalmente, a área vasoconstritora do centro vasomotor transmite continuamente sinais às fibras nervosas vasoconstritoras simpáticas por todo o corpo, causando descargas lentas e continuas dessas fibras, formando o chamado tônus vasoconstritor simpático. Esses impulsos mantêm um estado de contração parcial de contração nos vasos sanguíneos, o tônus vasomotor. Ao se deprimir o sistema nervoso central com, por exemplo, uma anestesia geral, observa-se acentuada queda da pressão arterial devido à perda do tônus vasomotor.
       O centro vasomotor controla além do grau de constrição vascular, a atividade cardíaca. As porções laterais do centro vasomotor promovem a excitação do coração através das fibras nervosas simpáticas e a porção medial promove a diminuição da freqüência cardíaca através dos nervos vagos. Habitualmente, a atividade cardíaca aumenta conjuntamente com o advento da vasoconstrição do corpo todo e diminui ao mesmo tempo em que ocorre a inibição da vasoconstrição.
       O hipotálamo tem um importante papel no controle do sistema vasoconstritor ao exercer poderosos efeitos excitatórios ou inibidores no centro vasomotor. Muitas regiões do córtex cerebral podem também excitar ou inibir esse centro, como por exemplo o córtex motor, que manda impulsos para o hipotálamo e de lá para o centro vasomotor.

-O papel do sistema nervoso no controle rápido da pressão arterial
       Uma das funções mais importantes do sistema nervoso na circulação consiste na sua capacidade de promover rápidos aumentos da pressão arterial. O controle nervoso da pressão arterial é inclusive o mais rápido de todos os sistemas para o controle de pressão.Para que ocorra o aumento na pressão arterial, faz-se necessário a ativação de todas as funções vasoconstritoras e cardioaceleradoras como uma unidade, verificadas pela ocorrência simultânea de três alterações principais:
  1. Contração de quase todas as arteríolas do corpo
    1. . Isso desloca o sangue dos grandes vasos para o coração, o que faz com que esse bata com muito mais força em resposta.
  2. Forte contração dos grandes vasos, em particular as veias
  3. Estimulação do coração pelo sistema nervoso autônomo
  4. , o que aumenta ainda mais o bombeamento cardíaco.
    , o que aumenta a resistência periférica total, impedindo o escoamento do sangue das artérias e aumentando a pressão arterial
       A rápida elevação da pressão arterial pode ser observada quando o corpo é submetido a estresse, seja esse muscular(exercícios fisicos) ou de medo extremo. Nesse último caso, a pressão arterial pode alcançar o dobro do valor normal em poucos segundos. Essa elevação é chamada reação de alerta e permite que qualquer músculo necessário para fugir do perigo seja suprido por sangue. Já no caso da elevação da pressão arterial durante o exercício físico, concomitantemente à ativação da parte motora do sistema nervoso, há a ativação da maior parte do sistema de ativação reticular do tronco cerebral (onde fica localizado o centro vasomotor), o que proporciona o acentuado aumento das áreas vasoconstritora e cardioaceleradora do centro vasomotor, causando instantaneamente a elevação da pressão arterial a fim de acompanhar o aumento da atividade muscular.
       Outra função importante do sistema nervoso autônomo é a manutenção da pressão arterial normal por meio de mecanismos reflexos de feedback negativo. O mais conhecido desses é o reflexo baroceptor que é desencadeado por baroceptores ou pressoceptores localizados nas paredes das grandes artérias sistêmicas.Pelo fato de se oporem a elevações ou reduções da pressão arterial, esse sistema é denominado "sistema tampão da pressão".Os baroceptores são bem abundantes no arco aórtico e no seio carotídeo. Quando há uma elevação da pressão, ocorre a distensão dos baroceptores e isso faz com que eles mandem sinais para o sistema nervoso central, que manda sinais de feedback negativo à circulação a fim de reduzir a pressão a níveis normais.Os baroceptores respondem muito melhor a uma pressão que está sofrendo uma rápida alteração do que a uma pressão estacionária. Esse fato explica em parte por que os pressoceptores têm pouca ou nenhuma importância na regulação a médio prazo da pressão arterial, já que os próprios baroceptores se ajustam em poucos dias a qualquer nível de pressão a que sejam expostos. Para uma regulação prolongada da pressão arterial, o ideal é o uso de sistemas de controle dos rins e líquidos corporais, incluindo seus mecanismos hormonais associados, como já foi citado anteriormente.
       Quimioceptores possuem uma ação parecida aos baroceptores, exceto pelo fato de que são receptores químicos e não receptores de estiramento.Esses quimioceptores são células quimiossensíveis à falta de oxigênio, ao excesso de dióxido de carbono ou de íons hidrogênio.Existem corpos carotídeos e aórticos, que são nutridos por um fluxo sanguíneo abundante através de uma pequena artéria nutridora, de modo que estão sempre em contato com o sangue arterial. Quando ocorre a queda da pressão arterial abaixo de um nível critico, os quimioceptores são estimulados devido à redução do fluxo sanguíneo para os corpos, o que acomete a redução da disponibilidade de oxigênio e o acúmulo excessivo de dióxido de carbono e íons de hidrogênio que não são removidos pelo fluxo sanguíneo lento. Esse estímulos aos quimiceptores excitam o centro vasomotor com consequênte elevação da pressão arterial.Os quimioceptores são ideais para a regulação da pressão arterial quando essa está baixa.
       Átrios e artérias pulmonares possuem em suas paredes receptoras de estiramento receptores de baixa pressão semelhantes aos receptores de estiramento baroceptores das grandes artérias.Esses receptores de baixa pressão exercem importante função ao minimizar as alterações da pressão arterial em resposta a variações do volume sanguíneo, atuando em conjunto com os baroceptores. A distensão dos átrios também provoca a dilatação reflexa das arteríolas aferentes dos rins, que na verdade é a mesma dilatação reflexa que ocorre em outras arteríolas periféricas, mas que é extremamente potente nos rins.Além disso, há transmissão de sinais simultaneamente para o hipotálamo, a fim de diminuir a secreção de hormônio antidiuirético, o que reduz a reabsorção de água pellos rins.Esses dois efeitos contribuem para a rápida perda de líquido pela urina, que serve como meio para a normalização ada pressão arterial.
        Por último, existe o mecanismo de regulação arterial chamado de resposta isquêmica do sistema nervoso central, cuja ação é a mais poderosa de todas as ações de todos os ativadores do sistema simpático vasoconstritor. Esse mecanismo consiste no reflexo dos neurônios do própio centro vasomotor à isquemia cerebral, causada ,por vezes, pela diminuição da pressão arterial, o que ocasiona a diminuição do fluxo sanguíneo gerando défict nutricional no SNC

Fonte: Tratado de Fisiologia Médica de Guyton e Hall
Post realizado por: Jéssica Wolff

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